Disputa apertada, vitórias expressivas e mudanças no poder: os destaques do 1º turno das eleições municipais
A história do primeiro turno das eleições 2024 em mais de 5,5 mil municípios no Brasil foi escrita com disputas apertadas, vitórias expressivas e mudanças no desenho do poder político.
Abaixo, nesta reportagem, leia mais sobre os seguintes destaques:
- Nunes, Boulos e Marçal tiveram a disputa mais apertada: 1,34 ponto percentual ou pouco mais de 81 mil votos entre o 1º e o 3º nas urnas;
- Vitórias expressivas em primeiro turno como a de Eduardo Paes (60% dos votos) no Rio, Bruno Reis (78%) em Salvador, João Campos (78%) em Recife e JHC (83%) em Maceió;
- Com mais prefeitos eleitos no 1° turno, PSD desbanca o MDB após 20 anos;
- PL, de Bolsonaro, lidera ranking de partidos que disputarão o 2º turno;
- Apenas o PT cresceu com o uso das federações partidárias na eleição para prefeito;
- PSDB encolhe enquanto MDB, PP e PSD crescem e mantêm liderança no número de vereadores;
- De 68 deputados e senadores candidatos, 46 saem derrotados do 1º turno das eleições municipais;
- Brasil tem aumento de mulheres prefeitas no 1º turno; homens são 8 em cada 10 eleitos;
- Fama prévia nem sempre vale voto: os jornalistas Datena (candidato a prefeito) e Joice Hasselmann (candidata a vereadora), ficaram de fora, assim como Zilu Camargo, ex-mulher do cantor Zezé di Camargo, e Alexandre Correa, ex-marido de Ana Hickmann;
- Abstenção alta: número de eleitores que faltaram foi maior que em 2016, mas inferior ao da eleição de 2020, realizada em meio à pandemia
1 - Disputa apertada: Nunes, Boulos e Marçal
Nunes e Boulos após definição de 2º turno em SP — Foto: Leco Viana/Estadão Conteúdo/Roberto Sungi/Estadão Conteúdo
A votação mais apertada no Brasil foi na capital paulista, com uma diferença 0,41 ponto percentual entre os candidatos que passaram para o segundo turno. O primeiro colocado foi o atual prefeito, Ricardo Nunes, com 29,48% dos votos, enquanto Guilherme Boulos (PSOL) recebeu 29,07%.
Se considerada a diferença do primeiro para o terceiro colocado, ela foi de 1,34 ponto percentual ou pouco mais de 81 mil votos.
- ANÁLISE: Mesmo fora do 2º turno, Marçal liga alerta em políticos e no Judiciário
- MAPAS: Como Nunes, Boulos e Marçal se saíram nas zonas bolsonaristas e lulistas
Agora, na análise da colunista Andréia Sadi, adversários políticos de Marçal querem começar a tratá-lo como caso de polícia, e não de política, para que seja inviabilizado politicamente pela Justiça por, por exemplo, caso como da fake news do laudo contra Boulos.
2 - Vitórias expressivas no primeiro turno
Os prefeitos eleitos JHC (Maceió), João Campos (Recife) e Eduardo Paes (Rio de Janeiro); seus respectivos partidos conseguiram maioria na Câmara em 2024 — Foto: Arquivo pessoal - Wilson Castro/W9 Press/Estadão Conteúdo - Cristina Boeckel/g1
Onze capitais elegeram seus prefeitos já no 1º turno das eleições municipais. A maior vantagem foi de Dr. Furlan, em Macapá (AP). Ele venceu o pleito com 85,08% dos votos. Na lista estão ainda as conquistas de Eduardo Paes (60% dos votos) no Rio, de Bruno Reis (78%) em Salvador, de João Campos (78%) no Recife e JHC (83%) em Maceió.
Entre os partidos políticos, o PSD foi quem mais garantiu cadeiras nesta primeira rodada, com três prefeitos eleitos: Rio de Janeiro (RJ), São Luís (MA), e Florianópolis (SC).
"Prefeitos bem avaliados, que possuem apoio da máquina pública, já garantiram suas vitórias no primeiro turno, enquanto aqueles com aprovação mediana estão avançando para o segundo turno. Há poucas exceções, como no caso de Goiânia, onde o prefeito mal avaliado não conseguiu sequer chegar ao segundo turno", avalia o colunista Gerson Camarotti.
3 - PSD supera o MDB com maior número de prefeitos
O PSD é o partido com o maior número de prefeitos eleitos no 1º turno das eleições municipais de 2024. Essa é a primeira vez em ao menos 20 anos que o MDB é superado por outra legenda em total de conquistas no 1º turno pelo país.
Ao todo, o PSD venceu em 878 municípios pelo país, e o MDB, em 847. Números ainda podem mudar, já que resultado está indefinido em 46 municípios — mas não alteram o ranking. O PSDB caiu quase pela metade e PSOL é o único a não eleger nenhum gestor.
"Outro ponto importante nesta eleição é a influência do Centrão, composto por partidos como PSD, MDB, PP e União Brasil, que reforçam sua base nas prefeituras e devem influenciar diretamente a composição da Câmara dos Deputados. A estrutura municipal desses partidos, junto com o poder das emendas parlamentares impositivas e critérios ainda obscuros para pagamentos delas, fortalece o ciclo político entre eleições municipais e federais", analisa Gerson Camarotti.
Em entrevista a Daniela Lima, o fundador do PSD, Gilberto Kassab, disse que o centro venceu, e a polarização, não. "O centro está maior do que a direita, inclusive. E os personagens que saíram maiores, por exemplo, o Tarcísio de Freitas (governador de São Paulo), são personagens que ampliam, não que cerram fileiras", disse Kassab.
4 - PL lidera ranking do 2º turno
O PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, participará de 23 das 51 disputas pelas prefeituras no próximo dia 28 de outubro.
Nas últimas eleições municipais, o PL sequer estava no "top 3" de partidos que avançaram para a segunda etapa. A liderança era do PT, que esteve em 15 dos 57 duelos de 2020. Em seguida, estavam o PSDB (em 14 municípios) e o MDB (em 12).
5 - PT cresce com federações
Os partidos que integram federações partidárias elegeram 587 prefeitos no primeiro turno das eleições municipais deste ano. Em 2020, essas mesmas siglas – que à época concorreram de forma isolada – foram responsáveis por eleger 932 prefeitos.
Apenas o PT, que ao lado do PCdoB e do PV integra a Federação Brasil Esperança, elegeu mais prefeitos desta vez do que há quatro anos: passou de 179 para 248.
6 - PSDB encolhe nas câmaras
O MDB foi o partido que elegeu o maior número de vereadores, mantendo uma liderança que já dura, pelo menos, 20 anos. O PP, o PSD, o União Brasil e o PL completam a lista das cinco legendas mais votadas.
Entre os maiores partidos, PL e Republicanos estão entre as legendas que mais ganharam espaço. O PL cresceu 42% e conquistou 4.929 cadeiras nas câmaras municipais. Além disso, Republicanos elegeu 4.618 vereadores, o que representa um aumento de 78% em comparação com 2020.
Por outro lado, o PSDB perdeu força nos municípios. Os tucanos, que já foram o partido com o segundo maior número de vereadores, ficaram em 8º lugar nas eleições deste ano. A legenda elegeu 2.975 vereadores — queda de 32%.
7 - Deputados e senadores derrotados
Dos 68 parlamentares que disputaram o primeiro turno das eleições municipais, apenas oito (11,7%) garantiram vitória no domingo. Outros 14 parlamentares vão para o segundo turno -- 13 disputam o cargo de prefeito e um o de vice.
8 - Mais mulheres prefeitas
O número de mulheres eleitas prefeitas no primeiro turno das eleições deste ano cresceu: foram 724 mulheres, contra 656 no pleito anterior, segundo dados do TSE.
Prefeitas no 1º turno
Proporção de mulheres eleitas no primeiro turno aumentou em 2022
88,388,311,711,78888121284,584,515,515,52016: homens2016: mulheres2020: homens2020: mulheres2024: homens2024: mulheres0100255075
Fonte: TSE
Mesmo diante do aumento, as mulheres representam apenas 15,5% do total de candidatos que se elegeram para as prefeituras. Ao todo, 4.746 homens foram eleitos prefeitos, o que representa 84,5% do total do 1º turno. Ainda assim, o índice representa um avanço na comparação com as duas últimas eleições. Em 2016 e 2020, 88% dos eleitos no primeiro turno para o Poder Executivo eram homens.
9 - Fama prévia nem sempre vale voto
Famosos eleições 2024 — Foto: Reprodução/g1/Estadão Conteúdo
Ex-atletas, influenciadores, atores e jornalistas se candidataram para cargos de vereador, prefeito ou vice-prefeito.
O apresentador José Luiz Datena e a ex-BBB Mara Viana não se elegeram. Thammy Miranda, Alexandre Frota e Zoe Martinez conseguiram cadeiras como vereadores. Zilu e Babu Santana ficaram como suplentes (veja lista completa).
10 - Abstenção em alta
A abstenção no primeiro turno das eleições municipais foi de 21,71%. A porcentagem de eleitores que não compareceram foi maior que nas eleições municipais de 2016 (17,58%).
Porém, menor que em 2020 (23,15%), eleição realizada em meio ao período agudo da pandemia de Covid-19.
fonte: por g1