Leptospirose: confira as causas, sintomas, prevenção e tratamento

Leptospirose: confira as causas, sintomas, prevenção e tratamento

Com as recentes enchentes no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, os casos de leptospirose aumentam potencialmente. Por isso é importante entender as causas e os sintomas da doença para garantir prevenção e tratamento adequado em casos de infecção.

O que é leptospirose?

A leptospirose é uma doença infecciosa causada pela bactéria Leptospira. A doença é transmitida aos humanos por meio de feridas na pele — nem sempre aparentes — após o contato com água ou solo contaminado pela urina de animais infectados, especialmente roedores. A bactéria também tem facilidade para penetrar pelas mucosas da boca e dos olhos.

A doença foi descrita pela primeira vez por um médico em 1880 e detalhada pelo pesquisador Adolf Weil, em 1886, que identificou a forma severa da doença, conhecida como doença de Weil.

No início do século XX, a bactéria Leptospira foi isolada e identificada como o agente causador da doença. No Brasil, o primeiro caso foi registrado em 1917, porém há indícios que a doença já havia se instalado no país anos antes, mas o diagnóstico era impreciso.

Causas da leptospirose

Os principais transmissores da doença são os roedores – Foto: Freepik/ND

A leptospirose pode infectar tanto humanos quanto animais. A doença é transmitida principalmente por meio do contato direto ou indireto com a urina de animais infectados, especialmente roedores. Casos de contaminação entre seres humanos é raríssimo, de acordo com médicos.

E não são apenas as enchentes os cenários de risco para contaminação da leptospirose. Viver ou trabalhar em áreas com saneamento básico precário e a exposição frequente a ambientes úmidos ou contaminados também podem te expor à doença.

Porém, as causas da leptospirose mais comuns são as enchentes e inundações, pois a água contaminada pela urina de animais infectados se espalha amplamente, aumentando a exposição da população à bactéria.

Durante esses eventos, as pessoas podem ser forçadas a entrar em contato com águas contaminadas ao evacuar áreas alagadas, realizar limpezas, ou simplesmente ao se locomover. Essa disseminação facilita a transmissão da doença, resultando frequentemente em surtos após períodos de chuvas intensas.

Sintomas da leptospirose

Os sintomas da leptospirose mais comuns são febre, dores musculares (principalmente na panturrilha), dor de cabeça, fraqueza, calafrios, vômito e diarreia. No estágio inicial, pode ser facilmente confundida com uma gripe, por isso é importante ficar atento se você teve contato com água contaminada.

Nas formas mais graves geralmente aparece icterícia (coloração amarelada da pele e dos olhos). Os infectados também podem apresentar hemorragias, meningite, insuficiência renal, hepática e respiratória. Nesses casos mais graves é preciso procurar imediatamente o atendimento de saúde, pois a doença pode levar à morte.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, no período de 1º de janeiro de 2024 até 17 de abril, foram registrados 129 casos da doença e seis mortes. Em 2023, foram 477 casos e 25 mortes por leptospirose.

Diagnóstico da leptospirose

O diagnóstico da leptospirose pode ser confirmado por meio de vários exames laboratoriais. Os mais comuns incluem testes sorológicos e exames de sangue.

Mas, antes mesmo dos exames, é importante a avaliação clínica. Os médicos avaliam os sintomas e o histórico do paciente, incluindo a exposição a fatores de risco.

Tratamento da leptospirose

Existe tratamento da leptospirose, por isso é fundamental o diagnóstico precoce. Como não há vacina para humanos, apenas para animais, é recomendado procurar um pronto-socorro nos quatro ou cinco primeiros dias, no máximo, caso houver algum sintoma.

Na maioria dos casos, o tratamento inclui o uso de antibióticos, como penicilina. Em casos leves e moderados, os pacientes se recuperam completamente entre 3 e 7 dias após o início das medicações.A doença pode ser tratada, principalmente com medicamentos – Foto: Freepik/Reprodução/ND

Em casos graves da doença, outras formas de tratamento podem ser necessárias, como hidratação intravenosa, hemodiálise em casos de insuficiência renal e transfusão de sangue ou plaquetas para tratar hemorragias severas.

A taxa de mortalidade em quadros graves da doença, de acordo com dados do Governo Federal, chega a 40%.

Por isso o tratamento adequado e precoce com antibióticos, aliado a cuidados de suporte intensivos, é fundamental para uma recuperação bem-sucedida da leptospirose, visando minimizar as complicações e a mortalidade causadas pela doença.

Prevenção da leptospirose

Em cenários de enchentes e grande exposição à água contaminada, é necessário usar equipamentos de proteção, como botas e luvas, além de lavar bem as mãos e os alimentos para garantir a prevenção da leptospirose.

Nos locais que tenham sido invadidos por água de chuva, recomenda-se fazer a desinfecção do ambiente com água sanitária, na proporção de um copo do produto para um balde de 20 litros de água. A luz do sol também ajuda a matar a bactéria.

Caso haja exposição, o Ministério da Saúde recomenda que os órgãos governamentais informem a população do risco da doença, divulguem os sintomas que devem levar à procura de assistência médica.

Além disso, alertem os profissionais de saúde para reconhecer os sinais e os sintomas e notifiquem todo caso suspeito para iniciar o tratamento com antibiótico imediatamente.

Em casos de epidemia da doença, como o que acontece agora no Rio Grande do Sul, o Ministério da Saúde recomenda, ainda, o início imediato do tratamento, antes mesmo do resultado positivo via exame laboratorial.

Outras medidas também ajudam a evitar a presença de roedores:

  • Manter os alimentos guardados em recipientes bem fechados e a cozinha limpa, sem restos de alimentos;
  • Retirar as sobras de alimentos ou ração de animais domésticos antes do anoitecer;
  • Manter o terreno limpo e evitar entulhos e acúmulo de objetos e lixo nos quintais.

Leptospirose e enchentes no Rio Grande do Sul

Rio Grande do Sul passa por outra epidemia de leptospirose- Foto: Felipe Stefani/Stefani Agência de Notícias

Não é a primeira vez que o Rio Grande do Sul vive uma epidemia de leptospirose após enchentes. Em 2015, por exemplo, o estado enfrentou um surto da doença com dezenas de casos confirmados e algumas mortes.

Após as enchentes de maio de 2024, já foram registradas duas mortes pela doença: um homem de 33 anos, de Venâncio Aires, e um homem de 67 anos, morador do município de Travesseiro. As cheias que destruíram boa parte do Estado já deixaram mais de 160 mortes e aproximadamente 500 mil pessoas seguem desabrigadas.

Perguntas frequentes sobre leptospirose

Como saber se estou infectado?

Você precisa, num primeiro momento, verificar a exposição à doença. Se o contato acontecer, é importante ficar atento aos sintomas como febre alta, dor de cabeça, dores musculares, vômitos e icterícia. Nesses casos, procure um médico para realizar exames laboratoriais e iniciar o tratamento imediatamente.

Leptospirose tem cura?

Sim, a leptospirose tem cura. O tratamento envolve o uso de antibióticos como penicilina. Com diagnóstico precoce e tratamento adequado, a maioria das pessoas se recupera completamente.

Qual é a taxa de mortalidade?

Embora na maioria das vezes a leptospirose seja assintomática, o quadro da doença pode evoluir e causar até mesmo a falência de órgãos. Segundo o Ministério da Saúde, a doença apresenta uma letalidade de 10%.

Como evitar a leptospirose em áreas de risco?

Para evitar a leptospirose em áreas de risco, evite contato com água ou solo potencialmente contaminados, use equipamentos de proteção como botas e luvas, mantenha o ambiente limpo e livre de lixo para controlar roedores, e sempre lave bem as mãos e alimentos. Em situações de enchentes, redobre os cuidados e evite entrar em águas contaminadas.

A disseminação de informações corretas sobre a doença é fundamental para auxiliar a população a procurar ajuda médica o quanto antes na busca por um diagnóstico precoce e um tratamento adequado e eficaz contra a doença.

 

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