Moradores reclamam de pitbulls sem focinheira e cachorros nas praias da Grande Florianópolis

Moradores reclamam de pitbulls sem focinheira e cachorros nas praias da Grande Florianópolis
Foto: Arquivo/Flavio Tin/ND

Moradores e turistas encaminharam reclamações ao “Fiscaliza Verão”, iniciativa do Grupo ND, dando conta da presença massiva de cachorros nas praias da Grande Florianópolis. Eles relatam que os animais transitam livremente pela faixa de areia e cães da raça pitbull sem focinheira.

As práticas são proibidas pelas legislações municipais e pelo regramento estadual, além de serem prejudiciais à saúde de humanos e cachorros.

Era tarde de Natal, segunda-feira (25), quando Jaison Floriano Flores se deparou com um Pitbull sem focinheira na praia Ponta do Papagaio, em Palhoça. “O animal estava no meio de banhistas e crianças, apavorado”, lembra o morador de São José, que veraneia na cidade vizinha. “Qualquer movimento que ele estranhasse poderia atacar, achando que era ameaça”, temia.

Flores viu um cenário parecido nesta terça-feira (2). Um idoso caminhava na faixa de areia da Praia do Sonho, também em Palhoça, quando um cachorro avançou sobre ele. Os fatos ocorreram quando o homem passou ao lado do casal, responsável pelo pet. “O senhor criticou os donos e foi relatar a situação aos guarda-vidas, mas nada ocorreu”, afirma.

O número de cachorros soltos na Praia Brava, em Florianópolis, incomoda João Carlos*, que registrou a reclamação pelo telefone. “Ontem vi uma criança sendo mordida na praia. É falta de educação, deveria ter fiscalização sobre”, reclama o morador do Norte da Ilha de Santa Catarina. Ele acredita que é necessário instalar placas e intensificar o controle nos balneários.

Leis são descumpridas nas praias da Grande Florianópolis

Apesar de frequente, ambas as práticas são ilegais. Em Palhoça, uma lei sancionada em 1994 pelo então prefeito Reinaldo Weingartner (PMDB) proíbe a presença de cães nas praias, sob pena de multa. A cada reincidência, o valor pode ser duplicado – apesar disso, a norma não estabelece a quantia.

Desde 2004 é obrigatório também o uso de focinheiras em cães ferozes em Palhoça. Além dos Pitbulls, é necessário utilizar o acessório em cachorros das raças Pastor Alemão, Rotweller, Dobermann, Pitbull, Fila Brasileiro, Dogue Alemão, Mastim Napolitano, “dentre outros que possam se mostrar perigosos”.

Flores percebe informativos aos praieiros em Palhoça. “Há placas orientando a população nas principais entradas da praia, mas o pessoal não cumpre. Elas apontam proibição de equipamentos de som, carros e de pets. Mas os três itens ocorrem com frequência”, denuncia.Cachorros podem pegar doenças como câncer de pele e na visão, além de ficar desidratados 

Na Capital de Santa Catarina, a proibição foi sancionada em 2001. A legislação permite também a captura do animal. Em 2022, a vereadora Pri Fernandes (Podemos) tentou flexibilizar a lei por meio de um PLC (Projeto de Lei Complementar), mas decidiu pelo arquivamento meses depois. O CRMV-SC (Conselho Regional de Medicina Veterinária de Santa Catarina) foi contrário à liberação na época.

Riscos ao meio ambiente e às pessoas

Em reportagem publicada por Nícolas Horácio, do Jornal ND em janeiro de 2022, o médico veterinário Paulo Zunino destacou os perigos de levar os cachorros às praias. Há risco à saúde das pessoas, do meio ambiente e dos animais.

No caso dos humanos, o alerta é para zoonoses e possível agressividade de alguns cães. O risco ambiental, segundo Zunino, é que os pets podem modificar o comportamento da fauna nativa da praia, podendo levar doenças para aves e crustáceos.

Aos cães, ele aponta os seguintes riscos:

  • Dermatopatias por exposição ao calor, contato com a umidade e agentes infecciosos;
  • Exposição aos raios solares, que pode levar ao câncer de pele, que também acomete os cães;
  • Desidratação, insolação e intermação pela exposição ao calor;
  • Transtornos comportamentais, envolvendo fuga e agressividade com outros cães e pessoas;
  • Risco de afogamento, principalmente para animais com focinho achatado, que podem ter dificuldades na água;
  • Lesões na visão, principalmente nos mais baixinhos e mais vulneráveis ao contato com areia nos olhos;
  • Lesões nas orelhas, principalmente nos animais com orelha pendular, direcionada para baixo.

Canal da prefeitura recebe denúncias

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis, caso sejam verificados cães domesticados nas praias municipais, os tutores autuados serão orientados a retirar os animais do local. O Executivo não respondeu se é realizada fiscalização nas praias.

“Denúncias relacionadas ao assunto podem ser realizadas por meio do Zapdenúncia, canal oficial de denúncias da Prefeitura de Florianópolis, através do WhatsApp 0800 808 0155”, destacou a nota. “A Prefeitura de Florianópolis reitera a necessidade de ampla colaboração dos tutores neste caso, uma vez que a proibição de cães domesticados na praia segue legislação específica”.

A reportagem não conseguiu retorno da prefeitura de Palhoça até o fechamento.

fonte: ndmais.com.br 

REDAÇÃO ND,FLORIANÓPOLIS