Derretimento de calotas de gelo acende antigo alerta para costa de SC; entenda
Degelo na Antártica atingiu o maior nível desde 1979, o que eleva nível do mar e afeta costa de SC; novo estudo reforça alerta antigo
O degelo na Antártica atingiu o maior nível desde 1979, apontou uma pesquisa divulgada pelo NSIDC (Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo dos Estados Unidos) na segunda-feira (25), o que pode elevar o nível do mar e afetar a costa Santa Catarina –um problema alertado há anos.
Segundo o órgão, o gelo atingiu uma extensão máxima de 16,9 milhões de quilômetros quadrados, um recorde de menor extensão em 44 anos.
O professor de geociências UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Norberto Horn Filho, analisa que a água do degelo pode interferir principalmente as regiões do Hemisfério Sul, próximas à Antártica.
“Do ponto de vista da geologia costeira, que é minha área de atuação, o degelo poderia resultar em uma elevação direta do nível médio do oceano Antártico e indiretamente dos outros três oceanos: Atlântico, Pacífico e Índico”, explicou Horn.
De acordo com o professor, o derretimento do gelo faz o mar avançar sobre o continente.
“O recuo glacial e o consequente avanço do mar levam ao fenômeno chamado de transgressão marinha, cuja primeira consequência nos continentes é a erosão costeira”, alerta.
Novo estudo reforça alerta antigo para costa de SC
A pesquisa divulgada pelo NSIDC reforça outros estudos sobre avanço do nível do mar na costa de SC. Em 2050, pelo menos 22 cidades do Estado podem ser afetadas pela elevação das águas, conforme mostrou o prognóstico de uma análise citada na Conferência sobre Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas – a COP25 -, que ocorreu em 2019, em Madri, na Espanha.
O estudo em questão foi da Ong Climate Central, divulgado pela revista científica Nature Communications. A projeção foi feita com o cruzamento de pesquisas sobre impactos das alterações no clima com um sistema de mapeamento de alta resolução, que integra dados de batimetria (medição da profundidade dos oceanos) e topografia (características presentes na superfície de um território).
Formada por cientistas e pesquisadores de vários países, a organização afirma que, até 2100, a maré irá subir entre 0.6 centímetros a 2.1 metros – ‘engolindo’ cidades costeiras.
No Brasil, a população em risco soma 1 milhão de cidadãos. Estes números, no entanto, não levam em conta projetos de contingência das marés já em andamento – ou futuramente implementados -, que podem reduzir os estragos.
Em uma projeção do ano de 2050, sob o cenário de “poluição moderada”, que consiste em um aumento gradual da temperatura da Terra em até 2ºC, até o final do século.
A pesquisa disponibiliza um mapa interativo, em que é possível navegar por todos os países do Globo. Com a ajuda de filtros, pode-se escolher o cenário desejado para a projeção, incluindo o ano futuro e o contexto de poluição que vive o Planeta. As áreas em vermelho sinalizam os locais inundados. Mais de 60 pesquisas foram usadas durante a formulação do estudo.
Neste contexto, daqui a 30 anos os municípios com mais riscos de serem atingidos em Santa Catarina são: Joinville e São Francisco do Sul (Norte), Itajaí, Navegantes e Balneário Camboriú (Vale), Tijucas (Grande Florianópolis), Tubarão e Jaguaruna (Sul).
Em Florianópolis, as localidades mais afetadas – porém em dimensão menor em comparação aos outros municípios do Estado – são Daniela, Ribeirão da Ilha, Ponta das Canas, Praia Brava, Jurerê Tradicional, Costeira do Pirajubaé, Tapera, Solidão e Naufragados.
fonte: ndmais.com.br
ADA BAHL E GABRIELA FERRAREZ, FLORIANÓPOLIS