Projeto de usina em praia de Fortaleza pode derrubar internet no Brasil e trava embate com operadoras

Projeto de usina em praia de Fortaleza pode derrubar internet no Brasil e trava embate com operadoras
Cabo submarino de fibra ótica em Sines, Portugal, abastece operadoras de telefonia em todo o Brasil; se for rompido, país pode ficar sem internet — Foto: Divulgação/EllaLink
Projeto de usina em praia de Fortaleza pode derrubar internet no Brasil e trava embate com operadoras

Obra para remover sal da água da Praia do Futuro promete aumentar em 12% a oferta de água da Grande Fortaleza. Operadoras temem que usina danifique cabos de telefonias que partem da Europa e África para Fortaleza.

A Praia do Futuro é um dos locais mais visitados por fortalezenses e turistas. Quem vai ao local admirar o mar nem imagina que logo abaixo d'água há um embate ferrenho. Em jogo está, de um lado, o funcionamento da internet em todo o Brasil e, de outro, a garantia do fornecimento de água para os cearenses.

O governo do estado defende a obra de uma usina que vai converter água do mar em potável. Já as empresas telefônicas temem que a estrutura cause o rompimento de cabos submarinos que fornecem internet (veja mapa com o trajeto feito pelos cabos da Europa ao Brasil).

Fortaleza é a primeira cidade do Brasil a receber cabos de fibra ótica europeus, que garantem uma conexão rápida à internet. O motivo é a maior proximidade da capital cearense com a Europa, cerca de seis mil quilômetros. De Fortaleza, os cabos partem para o Rio de Janeiro e São Paulo.

Conforme a Anatel, esses cabos são responsáveis por 99% do tráfego de dados. "O Ceará, em especial a cidade de Fortaleza, é que garante a interconexão do Brasil com o resto do mundo", afirmou o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, nesta quarta-feira (27).

Se os cabos forem rompidos, conforme a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o país inteiro fica off-line ou com a internet bastante lenta. Para evitar o risco, a Anatel emitiu uma recomendação contrária à instalação do projeto da usina de dessalinização.

A medida parou o andamento do projeto. A estimativa agora é que a entrega da usina atrase em pelo menos seis meses. A previsão inicial era de que a usina teria as operações iniciadas em 2025.

  • Reveja abaixo o vídeo de 2017 sobre projeto de dessalinização da água do mar em Fortaleza:

    Edital de R$ 3,2 bilhões

    A iniciativa da construção da usina de dessalinização é liderada pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece). Conforme o projeto, a usina deve ampliar em 12% a oferta de água na Grande Fortaleza.

    O edital para a realização do projeto foi vencido pelo Consórcio Águas de Fortaleza, e o investimento previsto é da ordem de R$ 3,2 bilhões.

    É possível existir a usina sem acabar com a internet do país?

    Neuri Freitas, diretor-presidente da companhia, explicou que a distância entre cabos e outras infraestruturas foi ampliada de 40 para 500 metros, contornando a área do projeto da usina que pode danificar os cabos para evitar riscos.

    “A nosso ver, isso está totalmente resolvido, não vamos trazer nenhum risco, buscamos a conciliação. A gente acha que não há esse risco já que no continente todos os cabos cruzam com alguma estrutura, como rede de gás, de energia e diversas outras estruturas”, afirmou.

     

    Em nota, a companhia afirmou que fez alterações no projeto que custaram "na ordem de R$ 35 a 40 milhões". Segundo a empresa, conforme o projeto está sendo elaborado atualmente, a usina "não apresenta nenhum risco ao funcionamento dos cabos submarinos localizados na Praia do Futuro".

    Com as novas medidas, a Cagece espera que a Anatel revise a medida que travou o andamento do projeto.

fonte: g1.globo.com

Por g1 CE