MPF pede suspensão de licença para obra de alargamento da praia de Jurerê

MPF pede suspensão de licença para obra de alargamento da praia de Jurerê
Praia de Jurerê será alargada a partir de novembro; início da obra, a partir da decisão, pode atrasar o início das obras – Foto: Leo Munhoz/ND

Ministério Público Federal pediu a suspensão da Licença Ambiental de Instalação da obra; prefeitura diz que apresentou documentação necessária

Uma ação civil pública assinada em 28 de setembro pela procuradora do MPF (Ministério Público Federal), Analúcia Hartmann, pede a suspensão da LAI (Licença Ambiental de Instalação) para a obra de alargamento da faixa de areia na praia de Jurerê, Norte da Ilha de Santa Catarina.

O pedido é justificado “para o enfrentamento da contaminação do meio ambiente, com riscos e danos à saúde da população”, e é baseado em uma decisão liminar de 2021, quando a Prefeitura de Florianópolis, via Floram (Fundação Municipal de Meio Ambiente), foi obrigado a vistoriar as imediações do Rio das Ostras, em Jurerê, sob prerrogativa de “fontes geradoras de poluição”.

A liminar, acatada pelo TRF4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) na ocasião, impunha providências “contra construções e intervenções ilegais que fossem assim flagradas na área de preservação permanente”.

A ação cita que “nunca houve”, por parte dos réus — Prefeitura de Florianópolis, Floram e IMA (Instituto de Meio Ambiente) –, “disposição ou proposta concreta para fazer frente a suas obrigações legais”. A situação, inclusive, é citada como “omissão consciente” por parte do Executivo.

O documento segue, ainda, com o pedido do MPF para que o “prefeito, superintendente da Floram e presidente do IMA” façam a comprovação das medidas em um período de até 30 dias.

O não cumprimento prevê “aplicação de multas pessoais e sob a advertência de configuração de ato de improbidade administrativa”.

Impasse reflete na suspensão do licenciamento

Segundo a procuradora, a LAI para o início das obras foi emitida sem audiência pública e “consideração com essa e com outras decisões judiciais sobre o ecossistema”.

A procuradora Analúcia Hartmann ainda lembra que as obras previstas para o alargamento da faixa de areia no local poderão ter “como resultado a canalização e o aterramento da foz e de parte das margens do Rio das Ostras (terrenos de marinha considerados áreas de preservação permanente), e alterações irreversíveis naquele ecossistema”.

Por fim, Hartmann sugere a suspensão dos efeitos da licença “até que haja solução para o tema desta ação e para a despoluição do Rio das Ostras, cujas águas poluídas não podem simplesmente ser escondidas sob aterramento, para continuarem a ser lançadas ao mar”.

O caso tramita na 6ª Vara da Justiça Federal de Florianópolis.

O que dizem os citados

O secretário de Infraestrutura e Transporte de Florianópolis, Rafael Hahne, afirmou ao ND+ que a “a prefeitura tem total segurança que apresentou toda a documentação necessária para aprovação e liberação da LAI que autoriza a obra de recuperação da faixa de areia de Jurerê”.

A reportagem do ND+ também entrou em contato com o IMA (Instituto do Meio Ambiente) sobre o impasse. O Grupo ND adiantara o possível pedido do MPF, na última semana.

Em nota, o IMA pontuou que o MPF recomendou ao IMA que fosse realizado o EIA (Estudo de Impacto Ambiental e o RIMA (Relatório de Impacto Ambiental), bem como uma audiência pública em relação às obras na faixa de areia em Jurerê.

Dessa forma, ainda de acordo com a nota, o IMA assegura que “todo processo de licenciamento ambiental conduzido pelo órgão é executado de forma célere com transparência e dedicação técnica dos servidores, a fim de atender todas as exigências impostas pela legislação e o cumprimento do pleno controle ambiental para garantir a preservação dos ecossistemas e da biodiversidade no Estado de Santa Catarina.”

Obra de alargamento de Jurerê

O engordamento de Jurerê, que abrange Jurerê Internacional e Tradicional, tem previsão de levar 45 dias, mas a conclusão, com serviços complementares, como acabamento da faixa de areia, melhorias nas dunas e restingas, deve ocorrer em quatro meses.

O investimento total é de R$ 24,7 milhões e será dividido meio a meio entre prefeitura e Estado. Antes de Jurerê, as praias de Canasvieiras (2020) e Ingleses (este ano) tiveram aumento na faixa de areia.

Ao apresentar o projeto, o secretário de Infraestrutura, Rafael Hahne, lembrou como estava a praia de Ingleses antes do engordamento, com casas e muros sendo danificados. Segundo ele, a situação se repete em Jurerê atualmente.

Veja números da futura operação em Jurerê:

  • A praia tem 3.380 metros de extensão, profundidade de dragagem de até 2,5 metros e quase 500 mil m³ de areia que serão retirados de uma jazida e espalhados pela praia.
  • Jurerê terá de 30 a 40 metros de faixa de areia, dependendo da parte da praia. O engordamento começará por Jurerê Tradicional.

fonte; ndmais.com.br

 

DIOGO DE SOUZA, FLORIANÓPOLIS